Nadei às grutas que ninguém nunca viu
Pra buscar os sonhos que escondi no mar;
Os sonhos que enterrei fundo no chão
E que, até ontem, pretendia abandonar.
Enfiei na terra as mãos molhadas,
Contemplei a fria cova aberta.
O oceano lavou os meus dedos,
Minha esperança foi descoberta.
Alegrei-me, pois vim de tão longe,
Tinha a vida pendurada num fio,
E agora recuperava meus sonhos,
Era o fim do desvario;
Cavarei o quanto for preciso
Para que eu jamais esqueça
A falta de sentido profundo;
Para que a verdade apareça.
Quando tudo estiver feito,
Quando minh’alma estiver limpa e ordenada,
Recolherei-me às pedras
co’a consciência sossegada.
*
Bragança Paulista, 2020
Imagem: Jacub Gomez/Pexels