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Não cesso de me impressionar com a plasticidade da língua inglesa. Estava jogando o primeiro “Far Cry” e ouvi o seguinte do protagonista, após ele ser avisado pelo sujeito que o guiava à distância que teria de lidar sozinho com a situação pois o sinal que os ligava sofria pesada interferência:
“Fanfreakin’tastic”
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Se tem uma coisa que essa situação mundial terminou de me ensinar é que ser comerciante no Brasil é atestado de trouxa. Não vale a pena, simplesmente não vale a pena. Por causa d’um bando de cuzão histérico você pode ser arrastado e algemado; pode levar multas imensas; pode ser mil vezes pior tratado do que bandidos que apontam arma pra grávida; pode ter a entrada de sua loja bloqueada; pode ter suas coisas, pelas quais você tanto batalhou, apreendidas.
É atestado de trouxa, não dá.
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Diálogo possível num cárcere de hoje:
Bandido 1 — Caiu por quê?
Bandido 2 — Matei a vagabunda da minha ex. E tu?
Bandido 1 — Traficava perto d’uma escola. — Vira pra outro sujeito e pergunta: — Caiu por quê?
Bandido 3 — Fui caminhar na praia.
Bandido 1 — Porra, isso é desumano.
Bandido 2 — Irresponsável. Vai sofrer aqui, viu?
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Eu acho muita piada que fazem por aí besta, feia e de péssimo gosto, mas eu também tenho minhas tiradas infames e não sou santo.
Quem enxerga em piadas e gracejos diversos sinais inequívocos de monstruosidade e de falhas indeléveis de caráter tem de tomar muito cuidado pra não fazer piada nenhuma, pra não achar graça de nada, do contrário a pessoa é apenas a boa e velha hipócrita de sempre, e hipocrisia, sabemos, enfia-se qual ouriço no cu de quem a ostenta.