Um ídolo tribal é furtado de um museu e substituído por uma cópia. Intrigado com o acontecido, Tintin não apenas se permite mergulhar no mistério por trás do estranho furto, já que a pequena estátua de madeira, aparentemente, não tinha valor material algum, como se resolve firmemente a desvendá-lo.
O repórter, então, após passar por apuros em sua própria cidade e antes de se embrenhar na selva em busca da tribo dos Arumbayas, vai parar em San Teodoro, país Sul-Americano fictício que, infelizmente, é menos caricato do que deveria ser.
Hergé tinha um olhar extremamente aguçado, isso me parece cada vez mais inquestionável. O jeito que ele retrata a instabilidade política e social típica da América Latina e a falta de fibra de seu povo tão sofrido seria engraçado se não fosse tão acertado. Engraçados são os quase encontros de Tintin com a morte; apesar de usar situações repetidas, Hergé se supera na criatividade para livrar seu protagonista do túmulo.
Ademais, digo que o livro, que tinha potencial para ser uma obra destacada entre as outras, é prejudicado pelo ritmo: partes que deviam ser mais breves se demoram – a jornada vingativa do Coronel decaído é uma dessas partes – e seções que mereciam maior cuidado, como o desfecho, passam correndo.
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Bragança Paulista, 2019